Márcio de Lima Leite, que nesta segunda-feira (2) assumiu a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no lugar de Luiz Carlos Moraes, revelou ter esperança de recolocar a indústria brasileira de automóveis na rota do crescimento.
“Estamos diante de um grande desafio, e temos muito a contribuir. Temos a responsabilidade de decidir o nosso futuro. Ninguém vai decidir por nós. As montadoras têm que influenciar as matrizes. Pensar grande. Nós somos grandes. O setor é grande.O desafio que está por vir é muito grande, mas possível. Temos condições de transformar o País”, avisou.
Segundo o novo presidente, o setor da indústria automobilística representa 20% do PIB Industrial do Brasil, gera 1,2 milhão de empregos e tem a capacidade de produzir até 4,5 milhões de carros por ano, em um ecossistema que conta com 98 mil fornecedores no total. Por conta disso, é obrigatório olhar não apenas para a América Latina, mas para o mundo.
“O Brasil tem desafios, mas o que evoluímos nesses últimos anos é algo impensável. Temos capacidade de competir nos principais mercados, e não apenas nos leves. O desafio é dar competitividade da porta para fora. O Brasil vai ser um grande player. Pode dar ao mundo o que o mundo não tem”, apostou.
Eletrificação + etanol: O que o mundo não tem
Porta-voz das montadoras de carros no Brasil, o presidente da Anfavea, assim como já havia feito Pablo Di Si, CEO da Volkswagen, em entrevista exclusiva ao Canaltech, não ficou em cima do muro quando questionado sobre o futuro da eletrificação dos carros no Brasil.
Para ele, a eletrificação é importante, mas o etanol também não pode ser desprezado:
“Toda montadora vai para a eletrificação, e isso é ótimo, mas o objetivo principal é a descarbonização da frota do País. Hoje temos a melhor alternativa, que é o etanol. O Brasil terá um momento diferente em relação a eletrificação. Precisamos de um olhar atento para que não busque apenas a eletrificação. A solução brasileira do etanol deve ser trabalhada com olhar atento. É fantástica e não pode ser encarada como atraso em relação à eletrificação. Será um mix para o futuro”.
Carro acessível é sonho da Anfavea
Eletrificação à parte, Márcio de Lima Leite revelou que um de seus grandes sonhos é trazer de volta ao Brasil algo que há um bom tempo é dado como morto: o conceito do carro popular.
Márcio preferiu não entrar no mérito dos preços atuais dos carros no Brasil, pois, segundo ele, “cada montadora tem sua política e sua realidade”. Em vez disso, o executivo preferiu afirmar que “a inflação é algo geral”, mas avisou:
“Tornar o automóvel acessível à classe mais baixa é fundamental, mas é impensável termos uma taxa de juros de 27% ao ano aos que tomam crédito. À medida que as coisas voltem à normalidade, o mercado deve crescer”.
Reproduzido do original: Canal Tech